“Para de ficar rezando e batendo no peito. O que eu quero que faças é que saias pelo mundo, desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Para de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu vivo e expresso o meu amor por ti.
Para de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras um pecador.
Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar dos teus amigos, nos olhos de teu filhinho, não me encontrarás em nenhum livro.
Para de tanto ter medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem me incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te castigar por seres como és, se sou Eu quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos os meus filhos que não se comportam bem pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita o teu próximo e não faças aos outros o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida; que teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Para de crer em mim! Crer é supor, imaginar e Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho de mar.
Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, da tua saúde, das tuas relações, do mundo. Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro… aí é que estou, dentro de ti.”

Este texto escrito em 2005 é um monólogo de autoria do mexicano Francisco Javier Ángel Real, mais conhecido como Swami Anand Dílvar.
Francisco Javier é escritor de auto-ajuda e fundador do centro holístico Vision Quest, no México.
Em 2014, surgiu a equivocada informação de que o texto seria da lavra do filósofo Baruch Spinoza, informação essa que explodiu no Facebook, WhatsApp e afins.
O próprio Francisco Javier já postou vídeo pedindo que parem de atribuir seu texto ao filósofo holandês.
Na verdade, o monólogo jamais poderia ser de Spinoza que escrevia em latim e holandês do século XVII. A “Carta de Deus” foi escrita em espanhol coloquial do século XXI.
O texto fala em “livre-arbítrio”, “presentes de Deus”, “nada de pecados”, o que é o oposto do determinismo duro da “Ética”, obra de autoria de Spinoza que raciocina em proposições geométricas. O texto da “Carta de Deus” é pura pregação sentimental. Os manuscritos de Spinoza estão todos catalogados e nenhuma “Carta”, sequer parecida, é encontrada dentre eles.
