A pergunta “Deus existe?” atravessa séculos como um fio invisível entre razão e fé. Diante dela, a humanidade ora se ajoelha, ora se interroga. Entre os muitos pensadores que a enfrentaram com rigor filosófico, destacam-se dois: Tomás de Aquino, o teólogo medieval que fundamentou a fé na razão, e Baruch Spinoza, o filósofo do século XVII que redefiniu Deus nos termos da natureza.
O que há em comum entre eles? O que os separa? É possível um diálogo?
Tomás de Aquino parte da observação do mundo em cinco vias: movimento, causalidade, contingência, graus de perfeição e finalidade. A sua observação não é tentativa sentimental, mas argumento metafísico rigoroso. Para ele, Deus é o actus purus, o Ser necessário, causa de si mesmo — e do universo.
Spinoza, por sua vez, rompe com a noção de um Deus pessoal e transcendente. Para ele, Deus é a substância única, infinita e eterna, da qual todas as coisas são modos. Sua célebre fórmula “Deus sive Natura” não significa um panteísmo ingênuo, mas uma tentativa de reencontrar a sacralidade no próprio ser.
Ambos afirmam que Deus é necessário, eterno e infinito — mas divergem radicalmente quanto à personalidade divina. Enquanto Tomás vê Deus como um ser distinto, com vontade e intelecto, Spinoza nega qualquer intencionalidade. Em Spinoza, Deus não ama nem pune; em Tomás, Deus é amor e justiça.
Ambos nos ensinam que a questão sobre Deus exige mais do que fé e mais do que razão: exige integridade intelectual. Tomás de Aquino oferece uma ponte entre fé e lógica; Baruch Spinoza, um chamado à reverência racional pelo universo. E você, leitor, onde encontra Deus: na Causa Primeira ou na própria existência?
Na minha opinião Deus é a Causa Primeira, ele é pessoal, amoroso e distinto da criação, mas também está presente na existência, sustentando todas as coisas, sem jamais se confundir com elas. O Criador é distinto da criação e da criatura.